domingo, 10 de fevereiro de 2013

França suspende venda de pílula Diane 35


Após a confirmação de quatro mortes ligadas ao uso da pílula Diane 35, um remédio para a acne amplamente receitado como contraceptivo, as autoridades sanitárias da França decidiram interromper sua comercialização.
A proibição começa a valer daqui a três meses, mas os médicos já devem parar de receitar a pílula.
A agência, no entanto, desaconselhou a interrupção abrupta para quem está usando a medicação. A orientação é para que as mulheres francesas visitem um médico para trocá-la por uma das várias alternativas disponíveis no mercado.
A suspensão vale também para os genéricos do medicamento, que é uma combinação de acetato de ciproterona e etinilestradiol.
No Brasil, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) disse estar acompanhando o caso, mas, até agora, não há nenhuma alteração em relação ao uso do medicamento em vista.
As autoridades francesas pediram ainda que a EMA (Agência Europeia de Medicamentos) conduza uma ampla investigação sobre o uso e as possíveis complicações da Diane 35 no continente.
OS CASOS
Um relatório da agência francesa divulgado recentemente indicou que, nos últimos 25 anos, o uso de Diane 35 esteve relacionado a quatro mortes e a mais de uma centena de complicações graves, como trombose venosa profunda, embolia e AVC (Acidente Vascular Cerebral).
Embora o medicamento seja aprovado na França e em muitos países, inclusive no Brasil, como remédio para a acne, ele é amplamente receitado como contraceptivo.
"O uso de Diane 35 como contraceptivo já é consagrado e amplamente descrito na literatura médica", diz Marta Franco Finotti, presidente da Comissão Nacional Especializada em Anticoncepção da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).
Segundo Finotti, não há motivo para pânico.
"Não existe nenhuma evidência nova de perigo. Um possível aumento de problemas cardiovasculares já é conhecido. Por isso, é importante que o médico, antes de prescrever a medicação, avalie outros fatores de risco."
Na França, a pílula tem cerca de 315 mil usuárias. A representante da Febrasgo estima que 1,5 milhão de mulheres usem Diane 35 ou seus genéricos no Brasil.
A multinacional alemã Bayer, que fabrica a pílula, não confirma esses números.
OUTRO LADO
Em nota, a farmacêutica afirmou que vai cooperar com as autoridades francesas, mas diz que, até agora, não tomou conhecimento de qualquer novo fato que "leve a uma mudança na avaliação positiva do risco-benefício do Diane 35".
No início da semana, a Bayer reafirmou que o remédio é destinado ao tratamento da acne, "não sendo indicado com um método de contraceptivo oral".
A empresa afirma que os riscos de ocorrência de problemas cardiovasculares nas usuárias estão claramente descritos na bula.
NOVAS PÍLULAS
A associação entre contraceptivos hormonais e complicações cardiovasculares é antiga e conhecida.
No entanto, as chamadas pílulas de nova geração, posteriores à Diane 35 e que têm baixa concentração de hormônios, além de também melhorarem a pele, estão na mira das agências regulatórias.
Estudos recentes mostraram que essas pílulas com drospirenona, como a Yasmin e a Yaz, também da Bayer, aumentam o risco de formação de coágulos sanguíneos.
A FDA (agência que regula alimentos e remédios nos EUA) discutiu amplamente o tema em 2011 e acabou decidindo manter essas pílulas no mercado, mas com advertências nas bulas sobre riscos aumentados.
Agora, é a EMA, a agência reguladora europeia, que está conduzindo um estudo sobre os riscos.
"Não há contraceptivo hormonal 100% seguro. Mas, na maioria dos casos, a chance de complicações é baixíssima", afirma Carlos Alberto Petta, professor de ginecologia da Unicamp.
Segundo ele, antes de receitar um contraceptivo, o médico deve fazer uma avaliação criteriosa do histórico de saúde e de possíveis outros fatores de risco.
"Tabagismo, obesidade, sedentarismo e a questão da idade também devem ser considerados."
Editoria de Arte/Folhapress

Governo acelera inclusão de drogas no SUS


No último ano, o governo federal acelerou o ritmo das análises feitas para incorporar à rede pública novos remédios e procedimentos.
É o que indica um balanço feito pelo Ministério da Saúde a pedido da Folha sobre o primeiro ano de funcionamento da Conitec, comissão do ministério que avalia os pedidos de incorporação feitos pelo próprio governo, por empresas e entidades.
Em 2012, a comissão analisou 135 pedidos e aprovou 29 tecnologias --entre elas a vacina contra hepatite A.
Outros 61 pedidos de inclusão foram negados e 45 ainda estão em avaliação.
Ed. de arte/Folhapress
Estrutura que antecedeu a Conitec, a Citec avaliou 174 pedidos e incorporou 81 itens entre 2006 e 2011. O levantamento abarca as tecnologias mais relevantes, já que nem toda incorporação tinha que passar pela antiga Citec.
Ou seja, o estudo aponta para um aumento de quase quatro vezes no número de análises feitas em 2012 --conclusão reforçada por estudos feitos pela indústria de medicamentos no país aos quais a reportagem teve acesso.
Para o ministro Alexandre Padilha (Saúde), esse crescimento demonstra que foi correta a ideia de organizar os fluxos e criar prazos para a avaliação. "E não se confirmou a preocupação de alguns usuários de que a Conitec ia retardar a incorporação."
NA PRÁTICA
Apesar de especialistas e pacientes comemorarem o ritmo mais intenso de avaliações e as novas regras que instituem um tempo máximo para que um pedido seja julgado, há ressalvas à atuação da nova comissão.
A principal crítica é que a comissão rejeita a incorporação de drogas usadas com bons resultados sob a alegação de que não há comprovação científica de eficácia.
Foi o que ocorreu com o trastuzumabe, aceito pela comissão para pacientes com câncer de mama inicial e localmente avançado, mas negado para os casos metastáticos da doença.
O medicamento começou a ser distribuído nesta semana pelo ministério.
Já o pedido de inclusão do remédio everolimo, demandado à Conitec para combater um tumor benigno cerebral que se desenvolve em pacientes com esclerose tuberosa, foi negado. A doença pode causar problemas cognitivos e convulsões.
André Freitas /AgNews
A atriz Bel Kutner e seu filho, Davi, no Rio de Janeiro
A atriz Bel Kutner e seu filho, Davi, no Rio de Janeiro
Sem o everolimo na rede pública, a atriz Bel Kutner brigou por seis meses na Justiça contra o governo até conseguir o medicamento para o filho Davi, de 7 anos.
Há seis meses tomando o remédio, Davi conseguiu uma redução importante no tamanho do tumor, diz Kutner.
"As convulsões estão controladas, ele está se expressando, se desenvolvendo", comemora a atriz, de 42 anos.
O ministro Padilha diz que a comissão se pauta por evidências clínicas e científicas.
"Temos uma série de tecnologias que não têm evidências consolidadas em trabalhos científicos ou experiências de países que adotaram para o sistema público e que, por isso, têm uma decisão inicial pela não incorporação."
O que não impede, continua o ministro, uma reavaliação frente a novos estudos.
TRANSPARÊNCIA
Para pacientes e médicos, falta transparência às decisões da Conitec, comissão que avalia a incorporação de novas tecnologias à rede pública.
"Gostaria de uma explicação para o que chamam de 'documentação inadequada'. É dado científico insuficiente, é papel mal preenchido?", questionou Rafael Kaliks, diretor científico do Instituto Oncoguia, entidade que apoia pacientes com câncer.
Kaliks afirma que não basta avaliar o funcionamento da comissão em termos quantitativos e que é preciso verificar o que aguarda uma posição ou o que foi rejeitado.
O instituto tem feito críticas à negativa dada ao uso do remédio trastuzumabe para o câncer de mama metastático.
Cláudia Maia, da Sociedade Brasileira de Dermatologia, diz que as decisões da comissão deveriam ser mais discutidas com os especialistas --para além das consultas públicas antes das decisões da Conitec.
Um exemplo são as drogas biológicas pedidas para uso de doentes com psoríase grave --a aprovação foi negada.
"Eles [a comissão] se reuniram sem representantes das especialidades e não levaram em consideração os argumentos da consulta pública."
O ministro Alexandre Padilha nega que haja excesso de burocracia. "A maior demonstração disso é termos analisado quatro vezes mais e incorporado duas vezes mais."
O usuário do Sistema Único de Saúde (SUS) poderá acessar as informações sobre o atendimento que recebeu nas unidades públicas, por meio do Portal de Saúde do Cidadãohttp://portaldocidadao.saude.gov.br, lançado na terça-feira (5/02). 
No portal, serão registradas informações sobre internações, atendimentos ambulatoriais de alta complexidade e cirurgias – dados de divulgação restrita aos pacientes, que poderão liberá-los a médicos por quem estejam sendo acompanhados.
O usuário também poderá acrescentar informações importantes relacionadas à sua saúde, como doenças crônicas ou alergias, ou anexar laudos de exames já realizados. Além disso, o paciente poderá consultar se já possui um número do Cartão SUS. Quem não tem pode fazer o pré-cadastro e depois validá-lo na unidade de saúde mais próxima. Quem já tem também precisará ir até uma unidade de saúde para receber a senha de acesso ao Portal e concluir o cadastro.
Além das informações individuais, ofertadas restrita e pessoalmente, o portal também possibilitará consulta a todos os estabelecimentos que atendem pelo SUS, como unidades básicas, clínicas e hospitais. Com o auxílio de mapas, o cidadão localizará a opção de atendimento mais próxima e identificará pontos para retirada de medicamentos pelo programa Aqui Tem Farmácia Popular.


O programa Farmácia Popular garante medicamento gratuito ou com desconto para todo cidadão brasileiro. Basta apresentar o documento de identidade, CPF e receita médica ̶̶ com validade indicada para cada tipo de medicamento. A receita pode ser emitida tanto por um profissional do Sistema Único de Saúde (SUS), tanto por um por médico que atende em hospitais ou clínicas privadas.
De acordo com levantamento feito em agosto, 53% das receitas apresentadas para a retirada de medicamentos nas farmácias vêm do serviço de saúde privado e 47% do público. Em 2012, 13,8 milhões de pessoas foram beneficiadas pelo programa. Desse total, 80% dos pacientes tiveram acesso gratuito aos medicamentos para hipertensão, diabetes e asma.Pela Portaria 2928/2011, que regulamenta a dispensação de medicamentos no SUS, documentos do serviço privado também são aceitos. Desde então, todo tipo de prescrição é aceita no Programa Farmácia Popular, permitindo maior interação entre os serviços de saúde.
No entanto, é muito importante que o médico prescreva o medicamento pelo princípio ativo e não pelo nome comercial. Pois os estabelecimentos não são obrigados a disponibilizar todas as marcas de um medicamento.Desde 2011, com a criação da ação Saúde Não Tem Preço, a população tem acesso a 11 medicamentos gratuitos para hipertensão e diabetes.
A partir de junho de 2012, mais três medicamentos para asma passaram a ser ofertados de graça. Em sete meses, a iniciativa já beneficiou 401 mil brasileiros.Medicamentos para colesterol, glaucoma, rinite, osteoporose, doença de Parkinson, dislipidemia, anticoncepção e fraldas geriátricas também são vendidos com até 90% de desconto nas farmácias populares e unidades credenciadas ao programa em todo o País ̶̶ identificadas com o cartaz Aqui tem Farmácia Popular.  
São 113 itens nas farmácias próprias e 25 itens nas drogarias conveniadas.Aumento - No último ano, o programa registrou um crescimento de 34% com relação a 2011, quando 10,3 milhões de pessoas foram beneficiadas. O número de farmácias credenciadas também aumentou de 20 mil para 25 mil unidades.
Atualmente, o programa está presente em 3.730 municípios brasileiros, dos quais 1.278 são considerados de extrema pobreza.

Defesa no mestrado 2011





POSTS FARMÁCIA FEF 2012